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Ecocitrus celebra 25 anos com aumento de 56% nas frutas recebidas para processamento

sábado, 2 de novembro de 2019.

Criada a partir do sonho de 15 agricultores, cooperativa montenegrina exporta sucos e óleos essenciais, produz adubo orgânico com tratamento de resíduos da indústria e completa toda a cadeia agrícola, beneficiando diretamente mais de 100 agricultores e 100 empresas de todo o Rio Grande do Sul. A sucessão rural é garantida em diversas famílias associadas à entidade, que é referência em gestão participativa e comércio justo

A Cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Caí (Ecocitrus) comemora 25 anos em novembro deste ano, celebrando elevação de 56% no recebimento de frutas orgânicas dos associados, o que aumenta o processamento de sucos e óleos essenciais na agroindústria. A entidade de Montenegro – RS firma-se como modelo no sistema de produção agroecológico, completando toda a cadeia agrícola e beneficiando diretamente mais de 100 agricultores da região do Vale do Caí, no Rio Grande do Sul.

A Ecocitrus possui uma agroindústria que processa as frutas dos associados, transformando-as em sucos e óleos essenciais. O volume exportado em 2018 foi de 555 mil quilos, distribuídos a países como França, Alemanha, Holanda e Canadá.

Em 2019, 17 agricultores associaram-se à entidade, formando um quadro de associados de 113 produtores rurais agroecológicos. Criada a partir do sonho de 15 agricultores em 1994, a cooperativa tornou-se referência nacional e internacional em agricultura solidária, comércio justo e preservação do meio ambiente, quando as discussões em torno da agroecologia e de formas alternativas de produção agrícola ainda eram incipientes.

Além de beneficiar as frutas dos associados, a Ecocitrus possui uma Usina de Compostagem licenciada para tratar 16 mil metros cúbicos por mês de resíduos agrossilvopastoris. A unidade beneficia diretamente mais de 100 empresas de todo o Rio Grande do Sul, que destinam seus substratos à planta localizada em Montenegro – RS. A cooperativa transforma os resíduos em adubo orgânico, oferecido gratuitamente a todos os associados e a qualquer agricultor interessado.

Os 25 anos da cooperativa são marcados por constante inovação, reconhecimento nacional e internacional, investimento em qualidade técnica e parcerias que consolidam o comércio justo. A entidade possui certificações internacionais como o IBD, maior certificadora orgânica da América Latina, e o Fair Trade International. Também tem o Selo Demeter, que atesta a prática da agricultura biodinâmica em algumas propriedades – manejo holístico que congrega forças espirituais e da natureza para produzir respeitando todas as formas de vida.

Ecocitrus promove sucessão rural

Presidente e vice-presidente da entidade cresceram em meio aos pomares de citros e mostram que sucessão rural no campo é realidade incentivada pelo cooperativismo

O cooperativismo é alternativa ao êxodo rural, uma vez que garante renda aos produtores rurais familiares e incentiva a permanência de jovens no campo. Exemplo disso na Ecocitrus são os atuais presidente e vice-presidente da entidade, Maique Konrad Kochenborger, 38 anos, e Marcos Lottermann, 31 anos. Ambos levam adiante a filosofia da Ecocitrus, contribuindo na gestão.

Filho de Irineu Kochenborger, sócio-fundador da entidade, Maique já foi tratorista, trabalhou na agroindústria e ocupou funções diferentes no Conselho Administrativo até chegar à presidência, sem nunca deixar de lado a agricultura na propriedade da família. Além de Maique, o irmão dele, Darvin, também é um sócio bastante participativo.

Maique acredita que o cooperativismo é uma alternativa viável na construção de uma sociedade mais justa e solidária. “A Ecocitrus é modelo no cooperativismo nacional e fazer parte da história da entidade me orgulha muito. Levar adiante esse exemplo de sucesso e superação de dificuldades tem tudo a ver com a própria prática da agricultura agroecológica em campo”, resume.

Marcos Lottermann é filho de Rudi e Inês e irmão de Vilson, todos sócios da entidade. Eles têm uma propriedade no bairro de São Benedito, entre as cidades de Harmonia e Tupandi, e praticam a agricultura com manejo biodinâmico, que é incentivado na Ecocitrus e atestado pelo Selo Demeter, além de aplicarem homeopatia nos pomares.

Depois de trabalhar em uma empresa de produtos para construção civil, Lottermann decidiu voltar à propriedade em 2010. “A Ecocitrus também foi responsável pelo retorno, porque garante a renda do agricultor e nos dá suporte em várias frentes, com formação e conhecimento”, completa.

A permanência da família no campo também ocorre na propriedade dos sócios-fundadores Cláudio Laux e Luís Carlos Laux, de 81 e 54 anos, respectivamente. Luís é o atual secretário da entidade, mas foi o primeiro presidente, quando a Ecocitrus tornou-se cooperativa em 1998 – primeiramente foi constituída como associação. Na família, ainda trabalham as filhas de Cláudio, Carla – também associada à Ecocitrus – e Sandra. A família Laux tem uma propriedade em Faxinal, localidade de Montenegro – RS.

Para Luís, acompanhar a transformação da cooperativa ao longo de 25 anos é bastante positivo. O desafio continua sendo fazê-la crescer, sem deixar a voz do sócio diminuir. O modelo participativo, aberto e transparente sempre foi incentivado na entidade, que se tornou referência em auto-gestão.

Construção de biodigestores leva adiante marca de inovação constante

Obra em caráter inovador nesta escala no Brasil sela o reconhecimento em torno da constante inovação da Ecocitrus, que aumenta capacidade instalada de produção de energia elétrica e de biofertilizantes

A Cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Caí (Ecocitrus) segue a linha de inovação característica da entidade e construiu seis biodigestores para tratamento de resíduos sólidos e líquido-pastosos de origem agrossilvopastoril neste ano. Os equipamentos têm capacidade instalada de 10.000 metros cúbicos de área de processo e são de escala inovadora no Brasil. O valor investido – incluindo pesquisas, instalação e tratamento de resíduos – foi de R$ 5,5 milhões. Também são construídos novos sistemas periféricos, como bacia de maturação, bacia de equalização e de revolvimento automatizados.

A Ecocitrus tornou-se referência em inovação, tratando resíduos líquido-pastosos e ampliando a capacidade instalada de geração de energia para 2,5 megawatts, levando adiante a filosofia de preservação da natureza e de geração de valor à agricultura familiar de base agroecológica. A cooperativa é autossuficiente em energia elétrica, produzindo o que é utilizado em sua unidade de compostagem.

Os biofertilizantes produzidos na Usina de Compostagem são oferecidos gratuitamente a todos os sócios da cooperativa e a qualquer agricultor interessado. A entidade completa, portanto, toda a cadeia agrícola, preservando o meio ambiente.

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