26 anos de dedicação e resultados à Ecocitrus reconhecidos: Ernesto Kasper se desliga da gestão da cooperativa para assumir Secretaria de Desenvolvimento Rural de Montenegro
Trabalho do gerente de relações institucionais garantiu articulação de políticas públicas e expansão da cooperativa. Com atuação reconhecida a nível municipal, vai assumir pasta de desenvolvimento rural na cidade-sede da Ecocitrus a partir de 2021
“Deram um nome difícil pro cargo do cara que faz tudo, que é um curioso, porque não podem chamar ele de ‘faz tudo’”. É assim que Ernesto Carlos Kasper, o gerente de relações institucionais da Ecocitrus, se definia dentro da cooperativa. Mas ele é muito mais do que o faz tudo. Ou foi, pois, neste final de ano, ele se despede de atividades de gestão na Ecocitrus, após 26 anos de dedicação à causa da entidade, para aceitar um novo desafio: o cargo de Secretário de Desenvolvimento Rural de Montenegro. Dentro da cooperativa, vai seguir como sócio.
Ernesto é reconhecido na Ecocitrus por articular políticas públicas, captar recursos para realizar melhorias na cooperativa, receber visitantes que querem conhecer a experiência pioneira da entidade, estreitar relações com jornalistas, associações e conselhos, levar adiante o nome da Ecocitrus e expandir a filosofia da agroecologia por meio de todas essas articulações. Uma gama de funções que o tornaram “o rosto” da entidade para muitas pessoas e que garantiram recursos para a expansão da cooperativa nas mais de duas décadas em que exerceu o cargo.
Na Ecocitrus, é lembrado pela honestidade, pela idoneidade e pela dedicação à cooperativa. É sócio-fundador, já foi presidente, vice-presidente e tesoureiro e sempre que pode ocupava postos dentro do Conselho Administrativo ou do Conselho Fiscal. Também atuou como operador de máquinas e coordenador da divisão da agroindústria da entidade. O reconhecimento pelo trabalho bem executado chegou na proposta recebida pelo prefeito eleito de Montenegro, Gustavo Zanatta.
Ernesto não é filiado a partidos políticos. Foi escolhido por ser um nome técnico e ter se destacado à frente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural (COMDER) de Montenegro, que presidia até o convite. Zanatta busca, segundo Ernesto, nomes de referência, capazes de captar recursos e de seguir com o trabalho de articulação política em prol da agricultura da cidade.
O “rosto” da Ecocitrus
É difícil encontrar alguém que, externamente, não relacione a Ecocitrus com Ernesto. Onde quer que se vá, cite Ecocitrus e o interlocutor ou interlocutora, quase certamente, vai emendar: “Ah, sim, lá eu conheço o Ernesto”. Geralmente, o comentário ainda é feito com um sorriso e com elogios. Ao ser questionado sobre isso, resume, entre risadas: “Eu tenho facilidade de lidar com as pessoas. Tenho dificuldade de lidar com os números”.
Como gerente de relações institucionais, representava a Ecocitrus na Comissão de Produção Orgânica do Rio Grande do Sul (CPOrg), na Associação das Indústrias dos Fertilizantes Orgânicos do Rio Grande do Sul (Assiferto-RS), na Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Agricultura Orgânica, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e no Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural (COMDER), em Montenegro. Ele também era responsável por receber grupos de turistas e representava a cooperativa na Rota Sabores e Saberes do Vale do Caí, primeira rota de turismo rural do Brasil focada em agroecologia.
Além disso, mediava as lives promovidas pela Ecocitrus no canal de YouTube da entidade e apresentou a primeira assembleia online da história da cooperativa, realizada no final de junho de 2020, por conta da pandemia. Esse papel em frente às câmeras é ocupado com naturalidade por ele, que já está acostumado a receber jornalistas para reportagens que mostram o caso pioneiro e bem-sucedido da entidade.
O presidente da Ecocitrus, Maique Kochenborger, afirma que incentivou Ernesto a aceitar o novo desafio, embora a cooperativa vá sentir falta da atuação dele na entidade, que é fundamental para a articulação e para o desenvolvimento da agricultura familiar de todo o Vale do Caí. Kochenborger ressalta toda a trajetória de Ernesto na Ecocitrus e salienta que a cooperativa, hoje, adquiriu o porte e o reconhecimento que tem por conta do trabalho de Ernesto.
No fim das contas, simplesmente um agricultor
A humildade é uma das características que os colegas de trabalho mais citam sobre Ernesto. Em uma reunião em Montenegro, realizada em setembro de 2019, na qual estava representando a Ecocitrus, apresentou-se para o grupo simplesmente como um agricultor: “Eu sou o Ernesto, sou agricultor e estou contribuindo com a gestão da Ecocitrus”. Contribuindo desde a fundação da cooperativa, em 1994.
Falar de agroecologia, para ele, é falar de tudo o que envolve a vida: “Agroecologia é tudo o que tu fazes, tudo com o que tu te envolves, tudo o que tu representas e queres deixar para o futuro. Vincula economia, questão social, tudo”. E emenda: “Estamos aqui de passagem. Acho que é isso que temos que ter em nossa mente: o que vamos deixar aqui? Aproveita para plantar muitas sementinhas de bons sentimentos”.
É isso que Ernesto fez, em todos os espaços em que representou a Ecocitrus ao longo dos 26 anos de dedicação direta à cooperativa: plantou sementes, espalhou conhecimento e cultivou boas relações. Ele vai continuar sua atuação como sócio. Como secretário de Desenvolvimento Rural, seguirá representando o que acredita como possibilidade de expandir o que vinha fazendo pela agricultura familiar. O que muda é a escala. Afinal, para ele “de nada vale o conhecimento sem o compartilhamento”.