Ecocitrus amplia os contatos na Europa

segunda-feira, 2 de março de 2015.

BioFach 2015. Presença na maior feira de orgânicos do mundo pode alavancar exportações da cooperativa.

Na mala que ficou extraviada um dia na Europa por descuido da companhia aérea, o gerente de relações institucionais da Ecocitrus, Ernesto Kasper, trouxe da Alemanha novos contatos que poderão levar à ampliação das exportações da cooperativa. De 8 a 15 de fevereiro, ele esteve em Nuremberg, na região da Baviera, onde participou da BioFach 2015 – a maior feira de alimentos orgânicos do mundo. O montenegrino fez parte de um grupo de 10 cooperativas brasileiras que foram ao evento a convite do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Passagens, hospedagem e o espaço na feira foram bancadas pelo governo.

Kasper treinou bastante o idioma alemão, bebeu a deliciosa cerveja Tucher, comeu massa no Vapiano, uma rede internacional de restaurantes italianos. Fez amizade com brasileiros que vivem na Alemanha atuando como tradutores e intérpretes. Andou pela Baviera em visitas técnicas, trocou experiências, enriqueceu a bagagem, ampliou os contatos no Brasil e fora dele. E colocou a marca Ecocitrus em uma vitrina vista pelo mundo.

Como qualquer feira, parte dos resultados só vem com o tempo. O montenegrino conversou com a Beutelsbacher, concorrente da Voelkel, empresa que já envasa o suco daqui na Europa. “Existe a possibilidade de uma visita deles para conversar melhor e, quem sabe, construir uma parceria comercial, principalmente para o suco de mandarina”, pondera.

Outro contato aberto no Centro de Exposições foi com um fabricante de cosméticos que se interessou pelo óleo essencial de mandarina (bergamota). A Ecocitrus é a única no mundo a extrair essa substância, mas a dificuldade, no momento, é a quantidade, cerca de 10 quilos. Exportar um volume pequeno encarece demais o óleo, mas serão estudadas formas para contornar esse obstáculo.

Energias alternativas
Na Alemanha, líder mundial em energia solar, as tecnologias nesta área são uma referência. O gerente de relações institucionais da Ecocitrus conheceu um projeto de ponta instalado em uma comunidade que se utiliza de uma caldeira para aquecer a água das residências. Apoiado pelo governo, o sistema é alimentado por cavacos de pinheiro.

Kasper também esteve em uma propriedade rural que gera luz não apenas com placas solares instaladas em galpões onde se cria gado, mas também com biodigestores que transformam os dejetos desses.

Palestras
Na BioFach, Kasper teve a oportunidade de fazer uma palestra de 20 minutos. Apresentou a Ecocitrus e seus produtos, como o composto orgânico e o biogás. Como o tempo era curto, ele convidou os interessados a passar mais tarde pelo estande do MDA e, aí sim, conseguiu ir a fundo nas explicações.
 

Frutas tropicais abaixo de zero
Os alemães investem muito em inovação. Ao visitar a tradicional fábrica de vidros para cosméticos Heinz-Glass, a comitiva conheceu um laboratório onde são produzidos alimentos característicos de países tropicais. Dentro de estufas, é claro. Mas o que chama a atenção é a forma como o ambiente é aquecido: a água que é aquecida pelos processos industriais se resfria ao passar pelos canos e saídas de ar instalados no interior da estufa envidraçada. “No lado de dentro, vi pés de mamão, banana, acerola, jaboticaba. E, no lado de fora, o pátio da empresa coberto de neve. Muito interessante”, recorda.


Nas prateleiras do mundo
Sucos da Ecocitrus são encontrados em prateleiras dos supermercados europeus, principalmente os cítricos produzidos em sistema biodinâmico, que levam o conceituado selo Demeter. Lá, a distribuição se dá por meio de parceria com a fabricante de sucos Voelkel, cuja embalagem traz fotos das propriedades e associados da Ecocitrus.


Visitas técnicas
Kasper esteve em supermercados que comercializam sucos orgânicos diversos — inclusive de repolho, cenoura e tomate, por exemplo, além de misturas que levam a laranja e a bergamota produzidas no Vale do Caí. Ao contrário do consumidor brasileiro, que olha para o preço antes de qualquer coisa, o cliente alemão valoriza os orgânicos, a procedência do produto, a cadeia de sustentabilidade em que se insere. “Me chamou a atenção que, ao contrário daqui, onde temos uma enorme variedade de embalagens, lá elas são praticamente iguais e de vidro”, diz. Segundo ele, os preços dos sucos regulariam com o do Brasil se o euro não valesse 3,2 vezes mais que o real. Questionado sobre o custo de vida, disse que é possível comer bem em um restaurante com 10 euros. “Se você fizer a conversão da moeda, aí vai achar caro. Mas, na Europa, quem converte não se diverte”, brincou.
 

Fonte: Jornal Ibiá – Marcelo Fiori