Agricultura familiar do tipo exportação
De olho no mundo. Ecocitrus estará na Europa para trocar experiências e divulgar seus produtos.
Nuremberg, na Alemanha, no final dos anos 20, sediou as primeiras reuniões do Partido Nazista. Era também lá que Adolf Hitler, após tomar o poder, realizava as festas anuais do partido e os comícios nazistas em massa. Dizimada pela 2ª Guerra Mundial, a cidade também ficou conhecida por sediar os tribunais onde os chefes do regime responderam pelos crimes de guerra, em 1945.
Mas hoje Nuremberg é altamente desenvolvida e, de 11 a 14 de fevereiro, vai sediar mais uma edição da maior feira de produtos orgânicos do mundo, a BioFach. E Montenegro vai estar lá, porque a Cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Caí (Ecocitrus) foi selecionada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para participar mais uma vez do evento. Além dela, irão à feira outros dez empreendimentos brasileiros de agricultura familiar que possuem certificação orgânica internacional.
O gerente de relações institucionais da Ecocitrus, Ernesto Kasper, já está debruçado sobre mapas estudando as linhas de metrô, a localização do hotel e do centro de convenções e, claro, alguns passeios, até porque a cidade é um museu a céu aberto. “A cooperativa já esteve lá outras vezes, mas esta é a primeira em que o MDA nos subsidia passagem e hospedagem. Antes era só mesmo o espaço na feira”, relata.
De acordo com ele, o objetivo maior não é efetivamente vender os produtos da cooperativa. Trocar experiências, conhecer as inovações tecnológicas, assistir a palestras e alinhar contatos para negócios futuros também são aspectos importantes. “Precisamos ‘sair de dentro de casa’ até para ver como o mercado está se comportando no mundo”, pondera Kasper.
O diretor do Departamento de Geração de Renda e Agregação de Valores do MDA, Nilton de Bem, afirma que a importância imediata da presença da agricultura familiar brasileira na maior feira de produtos orgânicos é ampliar o mercado. “O fato de as nossas cooperativas participarem da feira significa espaço de interlocução de mercado. Esse processo é, também, uma escola. À medida que esses empreendimentos têm contato com outros países adquirem noção do padrão de qualidade exigido, apresentação dos produtos e a dinâmica desses mercados”, explica.
Saiba mais
A participação do Brasil na BioFach é coordenada pelo MDA com o apoio do Minis¬tério das Relações Exteriores e da Embaixada do Brasil em Berlim.
Esta é sexta vez que o governo levará a agricultura familiar ao pavilhão do Brasil, que terá 112 metros quadrados.
Na feira do passado, a Ecocitrus acompanhou o lançamento do suco Voelkel de mandarina integral. A bebida foi processada em Montenegro, mas envasada na Alemanha pela Voelkel, empresa familiar com tradição de mais de 75 anos na produção de sucos orgânicos. Esse suco conta com o selo Demeter, que identifica, mundialmente, produtos biodinâmicos. Isso significa que têm origem em processos que vivificam o solo e potencializam as interações vivas entre o agricultor, a natureza e o universo. Produtos com este selo fazem parte de uma rede ecológica internacional.
Além da Alemanha, os principais destinos dos sucos são França, Itália e Estados Unidos.
Mercado externo compra 173 toneladas de suco
Os produtos da Ecocitrus são encontrados nas prateleiras dos supermercados europeus, principalmente os sucos cítricos produzidos em sistema biodinâmico, que levam o conceituado selo Demeter. Lá, a distribuição se dá por meio de parceria com a fabricante de sucos Voelkel, cuja embalagem traz fotos das propriedades e associados da Ecocitrus.
Apenas em 2014, a cooperativa exportou 144 mil quilos de suco integral, que vai embalado em bags de mil quilos dentro de contêineres em navios, além de 29 mil quilos de suco concentrado, que é transportado congelado em tambores de 250 quilos. “Ele é conhecido como suco de mandarina e, muitas vezes, é misturado ao suco de outras frutas. O europeu consome bastante este tipo de produto e dá muito valor à origem, à forma como foi produzida e ao selo Demeter”, destaca.
Os citricultores do Vale do Caí também vendem para o mercado externo óleo essencial de laranja e bergamota, que serve de matéria-prima para a indústria de cosméticos, principalmente perfumes, alimentos e produtos de higiene. As operações são feitas em parceria com a gigante Vestey Foods.
Matéria publicada no Jornal Ibiá – Terça-feira, 20 de janeiro de 2015
Por Marcelo Fiori